quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ilusão, a guia de uma mente conturbada?

Sem ação. Olhou ao redor. Mais um colapso.
Andava pela calçada coberta de folhas secas que quebravam a cada passo seu, causando-lhe um aperto no peito.
Parou por um instante. Checou os pulsos.
Ainda respirava.
O peso sobre seus ombros não chegava nem perto do dos livros em sua mochila. Era muito maior.
Nada poderia fazer com que aquele peso e aquele aperto passassem. Era muito mais do que mais uma simples falta de luz dentro de sua mente. Com isso já estava acostumada. Dessa vez atingira todo o seu corpo, não permitindo que ela pudesse correr ou fugir.
Fez a única coisa que lhe era possível. Olhou ao redor, e seguiu lentamente em direção ao gramado, aquele em que brincara há 11 anos atrás. Sentou-se, abriu a mochila e pegou o primeiro livro que seus dedos encontraram.
Esse livro, pensou, por que justamente esse livro?
Sem pensar, atirou-o sobre o gramado. Não aguentava mais ler ilusórias historias de amor. Repugnava-lhe a idéia de ser levada por mentiras, o amor verdadeiro, as idiotices que só lhe faziam mal.
Resolveu ouvir alguma música. Talvez alguma fizesse sua mente abstrair-se desse lugar, talvez a ajudasse a, pelo menos por alguns minutos, fugir da realidade em que se encontrava.
Colocou o fone no ouvido, pôs o volume no máximo e apertou o botão. Deixou que a lista fosse descendo e sem sequer reparar no visor, apertou play.
Sua única reação foi deitar no gramado.
A letra a consumia. Era como se ela dissesse como estava se sentindo.
"Eu tentei ser outra pessoa, mas nada pareceu mudar. E eu sei agora, isto é o que eu realmente sou!"
Apenas um aglomerado de sangue, carne e ossos. Isto é o que eu sou.
Olhou para o céu. Cinza. Triste.
Naquele momento, nem mesmo o vento em seu rosto, nem mesmo o balanço das árvores (que lhe trazia uma ponta de felicidade) puderam diminuir o vazio em que seu coração se encontrava.

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