quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os dias não são mais como antes.

Cinza, da mesma maneira que o céu.
Da mesma maneira que o grafite do meu lápis, o mesmo que originalmente escreveu estas linhas. As coisas estão obscuras, não completamente cinzas, mas apagadas.
As gotas de chuva voltam a demonstrar tristeza pra mim, não pelo fato de estarem caindo, mas por lembrarem das lágrimas que não conseguem cair de meus olhos. Elas me causam inveja.
Há tempos não consigo chorar e isso não pode ser considerado algo bom. Chorar alivia, é uma forma de desabafo. Aguentar toda essa carga por tanto tempo é um martírio.
Perdoe-me se em algum momento eu desabar. Perdoe-me se em algum momento eu agir de forma estranha. Eu estou perdendo o controle sobre meus atos. E a culpa...a culpa é só minha.
Seria muito mais fácil apenas aceitar sua crença, agir da mesma maneria que quando criança, apenas ser uma cópia sua. Mas não sou.
E isso me corrói, me destrói a cada palavra não dita, a cada verdade omitida, a cada lágrima não derramada.
O amor não está em mim. Ele está fugindo, há muuito tempo. E eu não sei mais no que acreditar.
Eu quero acreditar, eu preciso acreditar. Mas por quê acreditar?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A noite pode não ser tão boa assim.

Foi mais uma noite complicada. Do quarto pro banho, do banho pro jantar do jantar pro computador.
As mesmas frustações, os mesmos ataques, as mesmas músicas. O mesmo choro.
As brigas com os pais pioravam ainda mais o seu estado emocional. Parecia forte por fora mas por dentro, era como um graveto numa rodovia. A qualquer instante poderia estar em pedaços.
As horas passavam tão rápida e lentamente ao mesmo tempo que não fazia idéia de que já eram 2 e meia da manhã. Só tinha 3 horas para dormir e o dia seria longo. Apenas jogou a mochila no chão, deitou na cama e adormeceu. Mas um dia entediante estava por vir.

Ele vagava pela cidade com o livro em mãos.Tinha pouco tempo, tinha que voltar à faculdade.
Há quanto tempo não tinha uma folga! Samuel tinha razão, cabular 2 aulas entediantes de cálculo pelo menos uma vez vale a pena. Droga, só tenho mais 1 hora até a próxima aula e estou do outro lado da cidade!
Correu. E por incrível que pareça, conseguiu chegar com 5 minutos de folga.
Ouviu o sinal tocando e entrou na sala de aula. Acomodou-se, e surpreso, reparou no livro que ainda estava em suas mãos. Começou a lê-lo. Há quanto tempo não lia algo assim, já estava tão concentrado na história, que nem percebeu as horas passando. Já eram 22h30, hora de ir para a casa.
Morava a apenas meia hora da faculdade. Era tão bom caminhar sob o luar e as estrelas, mesmo não as vendo completamente... Maldita poluição!
Lar, doce lar.
Tomou um banho, comeu um sanduiche e ligou o computador. Só checando emails, só isso mãe.
Eram 1h30 quando desligou o computador e se deitou. A única coisa que lhe veio na mente segundos antes de dormir, foi a imagem de um transtonado deitado a grama.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O que resta?

Resolveu sair dali. Resolveu que mesmo tendo tanta coisa na cabeça lhe preocupando, iria encontrar uma saída. É, ela encontrou.
Preciso planejar isso, pensou. Droga, não posso mais ficar assim!
Levantou-se, pegou a mochila e seguiu para casa.
A sensação de estar em casa era tão reconfortante e tão perturbadora que lhe causava um certo pânico. Era como encontrar a felicidade e vê-la sendo roubada com apenas uma palavra. Família.
Começava a se sentir como um monstro. Como poderia odiar o fato de ter a familia à sua volta, como poderia sentir tristeza ao vê-la, ali reunida, se divertindo? Não que não a amasse, mas não conseguia mais fingir que tudo era tão lindo e colorido. Já não era mais uma garotinha se lambuzando com um bolo de chocolate, achando tudo divertido como um livro de colorir. Estava cansada de tudo.
Sentia falta dos abraços apertados que recebia da mãe, dos passeios que dava com o pai, das brincadeiras com os parentes. Nada era como antes.
Eram só insultos, ironias, sorrisos falsos. Cansou de ouvir sempre frases do tipo " Meu Deus, o que foi que eu fiz para ela agir assim?'' ou ''Quero a minha filhinha de volta!" Caramba, as pessoas mudam mãe!
Foi direto para o quarto, sem olhar para trás.
Fechou a porta, jogou a mochila na cama e ligou o computador. Olhava para a tela mas não conseguia se concentrar no que estava fazendo. Sua mente continuava perdida, sem foco. Era muito ruim fingir que estava tudo bem, mas não estava com a mínima vontade de explicar o que estava acontecendo às pessoas.
Lá fora a chuva começava a cair. Como ela gostava da chuva! A sensação de pureza e frescor que lhe invadia...
Começou a lembrar das ultimas horas que haviam passado. Voltava a ter a mesma sensação sufocante de cada momento: o dia na escola, as decepções, as mesmas reclamações inúteis dos colegas de classe, o coração partido... Melhor eu parar de pensar nisso.
Foi quando olhou para a cama e reparou que a mochila parecia estar um pouco murcha. Colocou-a colo e abriu o zíper. Revirou a mochila várias vezes, e nada.
Droga, esqueci a porcaria do livro! Agora as letras já não estão mais lá.

Uma hora e meia antes, um rapaz alto e magricela sentava-se num banco do outro lado do parque. Ouvia suas músicas de sempre, normalmente bandas alternativas ou calmas, olhando para o céu constantemente. Gostava muito do ambiente. Podia sentir o cheiro da grama, a brisa...as arvores balançando. Esquecia de tudo ali.
Olhou para o outro lado do parque e viu uma garota revoltada jogando um livro na grama. Por que tanta revolta? 
Observou a menina pelos 30 minutos que se seguiram, gostava de analisar desconhecidos apenas pelos seus gestos. Tentou defini-la mas não conseguiu.Viu apenas uma pessoa transtornada deitada na grama.
Ficou intrigado pelo fato de não conseguir tirar os olhos daquele espécime.
Foi quando ela se levantou e saiu, deixando o livro no chão, com as páginas para baixo.
Atravessou aquele pedaço do parque, pegou o livro do chão e tentou encontrar a garota, mas não a via em canto nenhum.
Olhou para o livro e, mesmo não gostando de histórias daquele tipo, resolveu lê-lo.
Histórias de amor, há quanto tempo não leio nada assim!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ilusão, a guia de uma mente conturbada?

Sem ação. Olhou ao redor. Mais um colapso.
Andava pela calçada coberta de folhas secas que quebravam a cada passo seu, causando-lhe um aperto no peito.
Parou por um instante. Checou os pulsos.
Ainda respirava.
O peso sobre seus ombros não chegava nem perto do dos livros em sua mochila. Era muito maior.
Nada poderia fazer com que aquele peso e aquele aperto passassem. Era muito mais do que mais uma simples falta de luz dentro de sua mente. Com isso já estava acostumada. Dessa vez atingira todo o seu corpo, não permitindo que ela pudesse correr ou fugir.
Fez a única coisa que lhe era possível. Olhou ao redor, e seguiu lentamente em direção ao gramado, aquele em que brincara há 11 anos atrás. Sentou-se, abriu a mochila e pegou o primeiro livro que seus dedos encontraram.
Esse livro, pensou, por que justamente esse livro?
Sem pensar, atirou-o sobre o gramado. Não aguentava mais ler ilusórias historias de amor. Repugnava-lhe a idéia de ser levada por mentiras, o amor verdadeiro, as idiotices que só lhe faziam mal.
Resolveu ouvir alguma música. Talvez alguma fizesse sua mente abstrair-se desse lugar, talvez a ajudasse a, pelo menos por alguns minutos, fugir da realidade em que se encontrava.
Colocou o fone no ouvido, pôs o volume no máximo e apertou o botão. Deixou que a lista fosse descendo e sem sequer reparar no visor, apertou play.
Sua única reação foi deitar no gramado.
A letra a consumia. Era como se ela dissesse como estava se sentindo.
"Eu tentei ser outra pessoa, mas nada pareceu mudar. E eu sei agora, isto é o que eu realmente sou!"
Apenas um aglomerado de sangue, carne e ossos. Isto é o que eu sou.
Olhou para o céu. Cinza. Triste.
Naquele momento, nem mesmo o vento em seu rosto, nem mesmo o balanço das árvores (que lhe trazia uma ponta de felicidade) puderam diminuir o vazio em que seu coração se encontrava.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Malditos segundos que não passam. Esgotam minha paciência, aumentam meu tédio e sufocam meus pensamentos. Perdas e danos irreparáveis, causados, principalmente, por coisas que nem valem a pena listar.

domingo, 18 de outubro de 2009

À sorrelfa.

Há coisas que não nasceram, nem foram criadas para serem entendidas.
Há coisas, que não têm razão para acontecer. Não têm uma razão de ser.
Não diga que você tem a resposta para minhas perguntas se você não as tiver realmente. Não quero perder meu tempo tentando entender algo que você nem sabe o por quê de estar dizendo.
Apenas deixe as palavras fluirem, deixe a melodia te levar. Sinta o vento no seu rosto, perceba o espaço ao seu redor. Coisas tão simples e complexas, opostas entre sentidos de ser, não podem ser simplesmente comentadas da boca pra fora. A vida não pode ser levada tão a sério, muito menos solta demais.
Pare de perder tempo tentando entender as coisas, nem sempre você irá gostar do que descobrir. Em algum momento a resposta será encontrada.
Não fuja das verdades, encare-as de frente. Ninguem consegue viver só de mentiras.
Não seja o que querem que você seja, seja você, apenas você.
Não esconda sua personalidade, não viva uma mentira descarada.


Não queira entender.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Máscaras não podem te esconder de si mesmo.

Sorrir, mentir, fingir, fugir?
Consegue enxergar a relação entre as palavras?
A cada dia percebo mais isso nas pessoas.
É tão dificil assim ser espontâneo?
Passaram a ser duas pessoas num corpo só,duas mentes friamente calculistas que, devo admitir, têm uma capacidade de controle imensa, usando sempre a personagem correta para as situações. Aquela que mais lhe trará "benefícios". Algumas se articulam tão bem entre as outras, montando tantas personagens que acabam se perdendo, não conseguindo distinguir dentre qual delas está aquela que deu origem às demais.
Falsas ideologias, falsas tentativas na realidade.
Um dia as mascaras caem e a unica coisa que resta é a lembrança das suas mentiras.
Você pode conviver com todas elas, te pressionando contra a parede?


Não tente fugir da realidade, ela sempre vai te perseguir.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

No alarms and no surprises

Degradê azul constante
Cores, mutação inconsciente
Sem ordem, sem sentido
Obscuridade ou falta dela?

Me diga como explicar
Como compreender
Por que devo tentar compreender?

Beleza eminente,
Natural
O melhor exemplar.

Alvorescer alegre de verão
Entardecer solene,
Surgir constante de condensações de agua
Raios de sol
Relampagos e trovões
Seja qual for, beleza sem comparação perceptivel.

Crepúsculo alaranjado e resplendente
E a grande aparição.
O grande círculo pálido e gélido
A atriz principal dessa grande ópera.

Gotículas, fragmentos de um ciclo.

Ninguém pode me fazer acertar hoje. Nada pode me ajudar.
A cada segundo a correnteza me leva para o mar, mar do qual eu não quero fugir. Estava há tanto tempo presa nessa poça, há tanto tempo procurando uma lacuna para escapar, mas hoje vejo que foi tudo em vão.
Percebi que há muito mais para uma gota do que a poça. Eu realmente consigo entender, consigo achar a analogia correta para mim.
Ciclos.
Nuvens, trovoadas, e enfim, eu começo a cair. Normalmente acabo me unindo a poças, mas nesse momento, cheguei a um grande rio.
E a correnteza se torna minha aliada.
Estou chegando ao mar, de onde posso partir para o oceano. Uma imensidão de gotículas que como eu podem sentir-se livres, correndo pela imensidão azul, brincando de pique em cada canto do planeta.
Sorrindo. Divertindo. E se transformando.
Mas retornando ao início.
Volto ao período turbulento, volto ao meu ciclo de aflições.
Nem tudo dura pra sempre, nunca vai durar.
Momentos felizes existem, mas os tristes tambem. Aprendo mais com os tristes do que com os felizes.
Eu sei.
Toda essa turbulencia sentimental que estou sofrendo é a minha única certeza.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

desculpe, eu não posso mais viver assim.

Continue pensando assim
Em nenhum momento eu te disse para mudar
Mas não tente me fazer mudar.
Um dia vai ser tarde demais.
Quando você não esperar vai se arrepender
E eu sei o quanto isso vai te fazer sofrer

Vai fazer com que você pense...
por favor pense em seus atos.
Cansei de ter que manter uma imagem de algo que eu não sou perto de você.
Eu não vou mais mudar.
Como eu penso, como eu vivo, como eu não canso de tentar.
Não tente me mudar
Você vai me procurar, você vai tentar me encontrar.
E eu sei que vai lembrar.
Vai tentar compreender, eu sei que vai.
Mas não vai adiantar, eu não estarei mais aqui.

De que adianta eu tentar te manter feliz se isso não me fizer feliz tambem?
Não quero viver a sua vida.
Eu tenho a minha.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A place for my head

Eu não quero ser aquela que vai dizer o que você quer ouvir, estou muito longe disso nesse momento.
O que estou prestes a dizer pode ser facilmente compreendido, acredite. Basta apenas se pôr em meu lugar. Basta? Será?
Estou perdendo as esperanças ao mesmo tempo em que as recupero.
Estou correndo sem direção por um caminho tortuoso e infinito, onde não consigo enchergar nada além dos meus pés.
Estou perdendo o fôlego, fugindo de algo que eu não sei o que é, ou algo que eu me recuso a reconhecer.
Estou enrubescendo sem saber o por quê.
Estou caindo, estou enlouquecendo, estou entrando em colapso.
Me contorcendo enquanto recebo estas chagas. Rastejando por entre o espaço monocromático em que me encontro.
Continuo sem saber por quê. Continuo sem ter a mínima noção do por quê destas feridas que se abrem a cada instante, constantemente por entre minhas entranhas.
A cada instante posso sentir como se algo estivesse se debatendo nas paredes dessa prisão. Vejo tudo cinza.
Talvez eu esteja reconhecendo este lugar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

não sei se eu sei o que eu acho que eu sei

Eu poderia dizer muita coisa, poderia chegar aqui e simplesmente dizer que eu sei o que eu estou tentando dizer, mas eu não sei. Hoje eu consigo enchergar lá no fundo daquele poço, que já me contém há algum tempo, um pequeno vestígio de luz. Ouço musicas tristes, ouço musicas bonitas. É tudo culpa de um certo coreano.
A simplicidade de cada nota e de cada gesto consegue manter meus olhos vidrados nessa telinha maldita, mas isso não é ruim. Compreende?
Consigo imaginar o rio fluindo, a chuva caindo, talvez...pode ser apenas um sonho.
Seria mais fácil se a vida fosse tão simples quanto meu sonho, se não fossem poucas as pessoas que reparam nas coisas simples.
Hoje eu consigo sentir o vento batendo no meu rosto, eu consigo ouvir os passaros cantando, consigo ver o brilho das estrelas. Ilusão ou não, isso me faz um bem enorme.
Simplicidade, só queria isso.


Eu continuo te culpando, querido mestre coreano.